terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Amarelinha

ZzzZ. ZzzZ. Ele vem me atormentar. Não posso dormir de um lado, muito menos de outro. O zumbido me entorpece até que pego no sono lentamente e sou induzida a um coma profundo de algumas horas. 
Vagamente acordo e ele ainda está lá. Ele me pergunta se pode me passar um café. Eu não consigo organizar minhas idéias e ele avança sobre mim. Antes que eu possa me mexer, ele me acolhe e fala comigo sobre algo que não entendo mais do que as vogais. ZzzZ. ZzzZ. Eu acordo e olho para os lados: não tem ninguém lá. 
Não passou de um sonho. Não passou de um sonho. Repito para mim mesma até me acalmar e conseguir mandar minhas pernas levantarem.
Infelizmente.

Toda noite quando me deito, ele volta. Aquele mesmo zumzumzum de sempre, sem desafinar nadinha. É como se uma sombra passasse por cima de mim. E eu não sinto medo. Não consigo. É como se uma parte de mim pairasse todas as noites sob meu corpo e me deixasse atônita até eu conseguir abrir meus olhos. Mesmo que fosse em sonho, eu não conseguia temer aquilo. Piscava e encarava o vazio todas as manhãs, esperando que houvesse algo novo me esperando. Como se aquele barulho que me acompanhava todas as noites fosse se tornar alguém, e um alguém que eu preciso tanto. Ainda não consigo colocar na minha cabeça que não passa de um zunido. Não passa de um zunido. 

Mas aquele fio de esperança sempre me mantém ali, colada. Elevo os travesseiros até as orelhas e continuo ouvindo. Como se uma abelha tivesse entrando em minha cabeça e perambulasse ali, livremente. E a pior parte de tudo isso é saber que se todo aquele barulho me deixasse em paz, me sentiria ansiosa procurando algo para zunir em minha mente de novo.
terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Pequenos traços de si mesmo

- Eu sei.
- Você é meio convencida.
- É que...
- Tudo bem. Acalme-se. Você não sabe mesmo brincar.
- Eu não brinco.
- E qual o sentido de tudo que você faz, então?
- O que você quer dizer com isso?
- Quero dizer que sua vida é maçante e que é sua culpa.
- Minha culpa?
- Sua culpa.
- Ah, claro.
- Até quando quer manter essa discussão?
- Até quando quer mandar em mim?
- Até quando vai fingir que eu não sou você?
- Você não sou eu. Eu não sou você. Nós somos opostos. Preto e branco. Céu e terra. Água e fogo. Nós não somos a mesma pessoa. A mesma coisa. A mesma mente.
- Nós somos.
- Tudo bem. Nós somos. Digamos que somos... Porque não somos.
- Por que você sempre tem que ir pelo caminho mais simples?
- Por que você sempre tem que complicar tudo?
- Essa é minha tarefa.
- Me atrapalhar?
- Completar você.
Sabe quando você tem vontade de escrever mas não sabe sobre o que e sua cabeça fica dando milhões e milhões de voltas? Você cansa de encarar o vazio, como se ele estivesse te pressionando a fazer algo que presta.
Eu nunca termino nada que eu começo. Bleh. Acho que é porque eu não coloco meu coração em nada e não faço valer a pena.
Espero encontrar a tal força de vontade antes que seja tarde de mais.
 

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